Jardim das Amoras

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A HORA DE DORMIR

A vida moderna não permite ter tempo, ao acordar os filhos as famílias iniciam uma maratona de atividades em que as crianças precisam acompanhar, onde os pais estão sempre ocupados, as refeições são rápidas, os encontros sociais regados de recursos tecnológicos e os dias nunca são iguais, a cada nascer do sol um novo mundo cheio de pressa começa.

É preciso lembrar que os nossos pequenos acabaram de chegar, ainda não tem ritmo próprio, estão aprendendo a viver neste mundo, estão aprendendo a ser humano, aprendendo a respirar e a dormir.

Nessa correria, é claro que encontramos adultos e crianças que sofrem com essa vida apressada e ansiosa onde dormir é um desafio.

Então perguntamos, como ensinar nossos filhos a dormirem na vida moderna? Essa pergunta é frequente nas reuniões pedagógicas, e ensinar a dormir é uma tarefa dos pais e professores.

A criança é pura vontade e movimento. Na Pedagogia Waldorf, ensinar ritmo é ajudar a criança a transitar entre momentos de expiração (expansão) e inspiração (recolhimento).

As atividades em casa devem seguir este ritmo de forma harmoniosa, e os pais devem observar os filhos para ajudá-los no transitar de um momento para o outro. O tempo em cada momento do ritmo depende da idade da criança.

Para ajudar os pais a entenderem os momentos de expiração temos alguns exemplos de brincadeiras; de movimento ao ar-livre (ou ambiente interno, porém amplo): corre-corre, balanço, subir na árvore, brincar na poça de água, molhar o jardim, jogar bola, soltar pipa, andar de bicicleta, tanque de areia, passear na praça, dar uma volta no quarteirão, etc.

Na inspiração temos o brincar concentrado como: empilhar tronquinhos, nanar as bonecas, dirigir carrinhos de madeira, ajudar a varrer, preparar o alimento, comer, ouvir história, brincar de panelinha na areia. Dessa forma os pais devem pensar as atividades de casa, para cada período de inspiração a criança precisa de um período de expiração e assim se faz o ritmo.

Para melhor elucidar, descrevemos a manhã de uma criança onde a expansão foi excessiva: a criança pequena brinca no parque, corre, pula corda, chuta bola, vai no balanço e depois vai para o clube ou shopping. Passado um tempo, começa alguns sintomas como choro, irritabilidade, brigas com os amiguinhos. E são sinais de que a expansão foi longa demais, é hora de oferecer aconchego.

Exemplo na inspiração excessiva: a criança que ficou o dia todo dentro de casa, brincou com os brinquedinhos do quarto, ouviu histórias da mamãe, brincou de arrumar a casa e ajudou a fazer o almoço, logo essa criança começa a ficar com o humor ruim, solicitando os pais com frequência, chora, pede para ver televisão e resmunga quando a mãe pede algo. São sintomas de que o tempo recolhido foi longo, hora de dar uma voltinha, caminhar até a praça.

É preciso saber dosar o tempo de recolhimento e expansão e estar atento aos sintomas.

Dormir é recolhimento profundo, para chegar nele é preciso que os pais entendam que, o sono fisiológico nas crianças começa com o pôr do sol, a falta de luz solar desencadeia processos neurológicos que sinalizam para o corpinho que “é hora de dormir”. Nesta hora os pais já devem iniciar os rituais para o sono. É importante que a criança esteja dormindo até às 20 horas, para que seu sono seja revitalizante e seu organismo possa liberar hormônios do crescimento e reorganizar seu sistema imunológico. (Período de 21 às 03 da manhã). É neste sono também que, segundo Rudolf Steiner, podemos visitar o mundo espiritual e lembrar nossa missão terrena.

O RITUAL

O brincar no final do dia deve ser recolhido (inspiração), a criança deve ajudar a preparar o jantar e arrumar a mesa. As comidinhas devem ser leves, nutritivas e quentinhas. Evitar alimentos que geram gases e de digestão lenta. Após a janta nada mais deve ser oferecido, pois pode acelerar o metabolismo e adiar a hora do sono, se a criança sentir necessidade sugerimos um chazinho ou um leitinho morno, lembrando que para algumas crianças o leite pode ser indigesto.

O banho é uma tarefa de recolhimento que relaxa e aquece, ajuda se for antes de se deitar para dormir, algumas crianças precisam ter os pés e a barriguinha bem quentinhas para poder pegar no sono, os pais nesta hora também podem fazer uma massagem no corpinho dos filhos.

O quarto deve estar escuro ou na penumbra, algumas crianças preferem um pouco de luz, então sugerimos que tenha um abajur com lâmpada azul.

Os pais devem estar calmos, com a respiração e os pensamentos tranquilos, pois a criança é pura imitação, se os pais estão agitados com a cabeça ocupada, a criança se agitará.

Uma criança acolhida, bem alimentada e quentinha, ao vivenciar o ritual escolhido aprenderá com o tempo a se acalmar e a adormecer sozinha.

SUGESTÕES

O ritual amoroso deve ser escolhido pelos pais, com suas qualidades e simpatias. Alguns pais gostam de cantar, outros contar história e ou somente uma oração. O Ritual deve ser simples, quanto mais simples para os pais, melhor para a criança. O importante do ritual é sua repetição.

MELODIAS

Para os pais que gostam de melodias sugerimos este acalanto, uma canção adaptada de Vinícius de Morais e Paulo Tapajós, cantada por professoras na escola.

Canção da Noite (Vinicius de Morais e Paulo Tapajós)

Dorme
O meu anjo lindo
Vai sempre dormindo
Sob a luz do luar
Dorme
Dorme sem cuidado
Que eu estou ao seu lado
Velando por ti
Sonhar
Com as noites de lua
Minha alma é só tua
E quem vela sou eu
Sonhar
Com as noites de lua
Minha alma é só tua
E quem vela sou eu.

Carrilhão da Noite (Ruth Salles)

Na noite calma, silenciosa
O nosso corpo vai descansar
Mas nossa alma, o anjo leva
O anjo leva a passear
E segue a volta misteriosa,
Misteriosa que o sol vai dar
Atrás do bosque, atrás da serra
Atrás da terra, atrás do mar
E nessa volta todas as flores
Ganham as cores que vão mostrar
E os passarinhos também aprendem
Novas cantigas para cantar
E nessa volta a nossa alma
Recebe tudo o que Deus lhe dá
Fica mais leve, fica mais firme
No novo dia que vai chegar.

História

Para os pais que gostam de uma boa história é importante escolher o tema pela idade do filho. É bom que seja uma história acolhedora e que traga sensação de proteção.

Ao contar, sugerimos que seja sem o apoio do livro, para que a criança possa viajar na sua imaginação sem receber figuras prontas.

No Jardim das Amoras e no Berçário Amorinhas, indicamos contos de fadas ou histórias referentes às épocas das festas cristãs. Os pais podem pesquisar contos no site Festas Cristãs.

Sugestão de conto para crianças pequenas:

O mingau doce (Irmãos Grimm)
Houve, uma vez, uma moça paupérrima, embora muito piedosa, que vivia só com a mãe. Chegou um dia em que nada mais tinham para comer; então a moça foi à floresta em procura de alguma coisa e lá encontrou uma velha que conhecia a sua situação; muito penalizada, a velha deu-lhe uma panelinha que bastava dizer: “panelinha, faz mingau” e logo a panelinha preparava um mingau doce, de farinha, que era uma delícia; e bastava dizer; “chega, panelinha!” e ela parava de fazer mingau.
A moça correu para levar a panelinha à mãe; desde, então, ficaram livres da fome e da penúria, e elas comiam mingau doce sempre que queriam.
Um dia em que a moça tivera de sair, a mãe disse: “faz mingau, panelinha!” A panelinha pôs-se a fazer o delicioso mingau e a mãe comeu, comeu, até não poder mais. Agora queria mandar a panelinha parar, mas não sabia a palavra convencional. E a panelinha continuou fazendo mingau, o mingau foi aumentando, aumentando, e transbordou, e encheu a cozinha, e encheu toda a casa, e encheu a casa da vizinha, e a casa sucessiva, encheu a rua e tudo o mais, como se quisesse alimentar o mundo inteiro, e ninguém sabia o que fazer para sair dessa entalada.
Faltava apenas encher uma última casa quando, finalmente, chegou a moça que disse: – Chega, panelinha!
A panelinha logo parou de fazer mingau; mas quem quisesse ir à cidade, tinha que abrir caminho comendo mingau.

Oração – A oração pode ser a preferida dos pais ou o Pai Nosso.
Rudolf Steiner nos deixou um lindo verso para o primeiro setênio que também pode ser lido todas as noites.
 
Da cabeça aos pés
sou a imagem de Deus.
Do coração às mãos
sinto o hálito de Deus.
Quando Deus eu avisto
em todas as partes,
no pai e na mãe,
em todas as pessoas queridas,
no animal e na flor,
na árvore e na pedra,
não sinto medo de nada:
só amor
a tudo que está ao meu redor.